Malauí: menino faz moinho de vento com peças do lixo e leva luz a seu vilarejo
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Malauí: menino faz moinho de vento com peças do lixo e leva luz a seu vilarejo

A história verdadeira de um adolescente autodidata do Malauí que transformou a vida de sua família e de sua comunidade ao construir, com lixo, um moinho de vento para gerar eletricidade é tema de um livro que acaba de chegar às lojas nos Estados Unidos. E para muitos, não será surpresa se o livro “The boy who harnessed the wind” [O menino que domou o vento, em tradução livre], do jornalista novaiorquino Bryan Mealer, acabar transposto para as telas de cinema.
O menino William Kamkwamba, que ganhou uma bolsa de estudos e hoje frequenta a faculdade em Johanesburgo, na África do Sul, tornou-se um símbolo para ambientalistas como Al Gore e líderes empresariais em todo o mundo. Uma foto sorridente do jovem, hoje com 22 anos de idade, foi capa da publicação americana Wall Street Journal. As conquistas de Kamkwamba são ainda mais impressionantes se considerarmos que ele foi obrigado a abandonar a escola aos 14 anos porque sua família não podia pagar as anuidades de US$ 80.

Quando retornou à modesta propriedade da família no vilarejo de Masitala, no interior do Malauí, seu futuro parecia limitado. O adolescente sonhava trazer eletricidade para seu vilarejo – apenas 2% das residências no Malauí possuem energia elétrica – e não estava disposto a esperar pela ação de políticos ou ONGs.
O adolescente continuou a estudar usando a biblioteca no vilarejo. Fascinado por ciências, encontrou, por acaso, em um livro caindo aos pedaços, uma foto de um moinho de vento. “Fiquei muito interessado quando vi que o moinho podia produzir eletricidade e bombear água”, disse Kamkwamba à BBC News. “Eu pensei: isso poderia ser uma defesa contra a fome. Talvez eu devesse construir um para mim”.

Quando não estava ajudando na plantação de milho da família, trabalhava no seu protótipo à noite, à luz de uma lamparina de parafina. As atividades do menino foram alvo de chacota na comunidade, que tem cerca de 200 pessoas. “Muitos, inclusive minha mãe, achavam que eu estava louco”, ele relembra. “Nunca tinham visto um moinho de vento antes. Kamkwamba construiu uma turbina usando peças de bicicletas, uma hélice de ventilador de trator e pedaços de canos de plástico, entre outros objetos.

Mas as risadas dos vizinhos rapidamente se transformaram em admiração quando Kamkwamba conectou um farol de automóvel à turbina do moinho. Quando as hélices começaram a girar na brisa, a lâmpada se acendeu e o vilarejo ficou em alvoroço. Logo, o moinho de 12 watts estava bombeando energia para a família de Kamkwamba. E os vizinhos faziam fila para carregar seus telefones celulares.
O adolescente também instalou uma bomba mecânica movida a energia solar – doada ao vilarejo – sobre um poço. Tanques de armazenamento foram adicionados à bomba e a região ganhou, pela primeira vez, uma fonte de água potável. Em 2007, Kamkwamba foi convidado para participar da prestigiosa conferência Technology Entertainment Design, na Tanzânia.
Foi aplaudido de pé. Hoje, Kamkwamba estuda na renomada African Leadership Academy, em Johanesburgo. O jovem disse estar determinado, no entanto, a voltar para sua terra e completar sua missão de trazer energia não apenas para o resto do seu vilarejo, mas para todo o Malauí. “Quero ajudar meu país e colocar em prática o que aprendi”, disse. “Tem muito trabalho para ser feito”.

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